terça-feira, 5 de novembro de 2013

Ciclos

Palavras confusas poluíam cada vez mais o pensamento dela, casa, trabalho, faculdade, cursos, monografias, pesquisas, autores com nomes difíceis, teorias, literatura francesa e russa, coisas que ela não conhecia... O mundo girava. Cada vez mais rápido. E depois cada vez mais... lento, e devagar até que as luzes se apagaram.

Ela sentiu uns braços a levando para a cama, porém, quem seria se ela vivia sozinha em seu apartamento?

Apenas ela, seus livros, filmes, cds e gatos, e o cheiro inconfundível de café e cigarro que pairavam no ar. Ela havia caído em um sono profundo, o mundo e todas as suas atividades, mistérios e complicações haviam sugado tudo que ela tinha, há tempos. Já não sorria mais, tampouco conversava com outras pessoas a não ser consigo mesma, mal comia, vivia para seus livros enquanto um cd qualquer tocava. 

Completamente louca. Antissocial, quase sociopata. Poucos amigos, um histórico gigantesco de compras no café, na livraria e no brechó mais próximo ao apartamento. 

Era um apartamento pequeno, quarto, sala e cozinha, muitas estantes. A louça estava limpa, o lixo tirado, a roupa que estava no varal já havia secado, havia deixado apenas mais um pouco para tomar mais um pouco de vento e sol, tiraria pela tarde.




Sentou-se no sofá de dois lugares da sala, com a cabeça encostada na parede ficou ali por horas, esqueceu que esperava um amigo... esqueceu das horas, do dia, esqueceu-se do tempo.

Quase podia sentir os movimentos constantes do planeta, que eram cada vez mais rápidos e cada vez mais...devagar, até as luzes se apagarem e o par de braços a carregar para a cama, estava adormecida e por ali ficaria por algum tempo, ninguém poderia dizer quanto.

Médicos a examinaram, denominaram isso como "coma". O amigo, dono dos fortes braços, definiu isso como excesso de cansaço e muito sono, e prometeu a si mesmo que a esperaria acordar... mesmo que demorasse muito tempo, ele achava importante deixá-la dormir depois de tantas noites em claro e enquanto isso contaria histórias a ela. 

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