sábado, 16 de fevereiro de 2013

O gato que ri.



São Paulo, a antiga "terra da garoa", onde hoje é a "cidade que faz as quatro estações no mesmo dia". Uma cidade completamente plural, onde o "amor da sua vida" pode ser encontrado no trem, metrô ou ônibus, ouvindo uma das suas bandas preferidas e lendo um dos autores que você mais gosta ou usando uma camiseta com a frase que faz parte da sua bio do twitter ou tumblr.

É nessa mesma cidade, tão incrivelmente fascinante, que num mesmo dia, a dupla de amigas avistara: um grupo de músicos (ou seriam trovadores?) medievais, barbudos e tocando aquelas músicas típicas de bailes antigos, com muita comida e damas muito belas, dançando com seus pares, escolhidos por seus pais.

Um homem, de meia idade, acompanhando, com seu Sax, uma música propícia a uma subida na mesa e uma bela tirada de roupa, o que não combinava muito com aquela tarde ensolarada.

Foi quando, após frappuccinos e conversas, sentadas no Safra, as duas receberam uma visita, uma proposta, uma dica do tempo e mais uma oportunidade de viver uma daquelas "histórias para contar para os netos" (apenas porque ensinariam aos filhos a não falarem com "estranhos"). Precisou de apenas uma frase: "Ei, vocês gostam de literatura?", o garoto, magro, de olhos incrivelmente negros e cabelo bagunçado não podia imaginar que uma das garotas, a mais gordinha e cabelos armados (agora presos), que fumava um cigarro, responderia em meio a um sorriso "É claro!", timidamente, o garoto perguntou se poderia falar "dois minutos" com elas, certamente sabia o quanto era difícil conseguir, nem que fosse algumas migalhas, do tempo de um paulistano.




Surpreendeu-se quando a garota respondeu com um "Senta aí, cara", e foi então que começou a conta a sua saga, enquanto ela reparava que ele sorria enquanto falava. Ele era escritor e tinha um conto para oferecer a ela, pediu um cigarro enquanto esperava, mas ela não conseguiu ler, passou a folha com letras pequenas e negras à amiga, enquanto continuava a sua conversa com o autor do texto. Leu assim que a amiga terminou e ficou perplexa com a construção dos fatos demonstrados no texto.

Foi espontâneo, quando viu já havia aceitado o convite do garoto descabelado para tomar uma cerveja. Foram e enquanto bebiam, conversavam sobre a vida, os três, sobre suas experiências e ela notava o quanto o sorriso dele entre as palavras era sincero, sentiu-se, momentaneamente em um diálogo com o Gato, aquele de Wonderland, que indicou a Alice o caminho a seguir, e disse a ela o quanto ela era completamente maluca por estar ali.

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