Sentia-se "como um pássaro sem asas, com uma vida sem destino" enquanto, trancada na cela, ela via a parede cor-de-rosa desbotada, enquanto ouvia alguém dizer "você foi contratado mas eu acho que você não tem competência pra isso" despertada e semi acordada, lembrava que estava na aula da faculdade, mas ainda não conseguia tirar o solo de bateria completamente inventado da cabeça.
Não ela não tocava, talvez aquilo fosse apenas mais uma lembrança, talvez ela nem gostasse tanto assim de bateristas, pode ser que generalizasse e achasse todos uns completos babacas. E, com essa palavra vinha apenas uma pessoa em sua mente, o garoto que fora parte de um sonho e agora era a definição de pesadelo.
Ele havia avisado que isso aconteceria, mas a condição para essa conduta era estar junto a ele, que também já deixara claro, não aconteceria.
Lembrava das duas noites em que se sentiu uma cinderela moderna e fumante, mas não no sentido literal do conto, ela não era uma "gata borralheira", com amigos ratinhos e também não era gostosa, como essas mulhes de anúncios de cerveja, tinha uma beleza comum, resumida ao jeans, à camiseta e ao all star e todas as roupas confortáveis do mundo, mas quando soltava os cabelos, não importava a roupa que ela vestia,com ou sem um pouco de lápis de olho e batom vermelho, ficava absurdamente (mais) linda. E ao pensar em tudo isso, ela podia ouvir a voz dele dizendo "você está linda" tão suave e clara, nos seus ouvidos entre cervejas na biblioteca.
E, ao mesmo tempo pensava "não deveria ter bebido tanto" e que nada justificava esse ato tão cruel e, diferente da música, ele não entendia a raiva e voltava a achar que
"ele não tinha o direito de deixá-la daquele jeito".
Enquanto a aula com um personagem qualquer, chato e parado no tempo continuava, ela odiava as sextas desde então.
Porém, deixava estar, o tempo acabava de passar e um pouco mais e logo seria hora de ir embora, fugir e correr daquela cela. Olhou o relógio e ainda eram 9h15, o tempo havia parado, sem dicas dessa vez.
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