segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A volta da Bailarina Torta - O início

Passei muito tempo avaliando, escrevendo e (re)escrevendo, tentando deixar esse post o mais próximo possível do que senti quando (re)comecei o ballet naquele 11/01/2014, cá está ele... prontinho.




Sábado.
4 horas da tarde.
São Paulo, Pinheiros.
Calor.

É assim que a minha história começa.

Depois de muitas conversas e uma prorrogação imensa, estou aqui, em um sábado quente, às 4h da tarde, dentro da escola de ballet, conversando com a professora sorridente e animada.

Vestida de calça legging e uma camiseta laranja (brinde de um livro sobre quadrinhos), reparo na mobília e claridade aconchegante do lugar enquanto minha mãe conversa com a professora, confesso que não escuto direito o que falam, só consigo me lembrar de como o sonho de voltar a dançar está próximo de ser realizado.

Me sinto pequena, criança, e me lembro de todos os passos errados, da dificuldade que tinha de dançar, lembro que ser chamada de patinha e bom, que eu me lembre, quem dança ballet são os cisnes, não os patos.

Tenho medo. Medo de errar e não querer voltar nunca mais, medo que meu sonho não seja possível medo de achar que isso tudo "não é pra mim".

O pensamento que mais passa pela minha cabeça:

 "o que eu estou fazendo aqui? É obvio que isso não dará certo"





                                                                                ***

A vontade era de sair correndo, mas não desisti, afinal, desistir sem tentar não era uma opção.

Entrei na sala com a sapatilha emprestada da professora, calça legging e camiseta, observei as meninas lindas com suas "roupas de ballet", enquanto eu com minhas roupas de ginástica, não me sentia devidamente vestida para aquele lugar alias, sentia que meu lugar não era ali.

Logo depois do alongamento vieram os exercícios na barra e com eles o sentimento de que JAMAIS conseguiria fazer aquelas coisas estranhas ou então decorar e saber aqueles nomes que me causavam pavor. Me senti perdida na aula, uma verdadeira estranha no ninho.

Ao final da aula, conversei com a professora que me  disse que a aula que eu acabara de participar era um nível acima do que eu deveria estar, logo montou uma turma aos sábados de ballet básico.

Na semana seguinte voltei à escola e já me sentia bailarina (aquela que dormiu por muitos anos e agora estava despertando) ainda sem noção nenhuma de como colocar meu corpo ou fazer qualquer coisa com ele.

Com o tempo o medo de errar foi passando, e eu percebi que aquilo era comum, que errar era comum (e que se acontecesse, eu repetiria até aprender), que sentir dor, além de ser totalmente normal, significava que eu estava fazendo tudo certo.

Com mais um pouco de tempo percebi que uma hora eu conseguiria entender o significado de en dehors e en dedans, e principalmente descobri que o plié é o primeiro passo que aprendemos e o último que dominamos, segundo diz uma bailaria famosa.

Hoje, 9 meses depois, eu sei que minhas coxas grossas não são um problema, que minhas pernas em "x" não são um problema e confesso que nunca vi tanto sentido naquela frase do Walt Disney: "Se você pode sonhar, você pode fazer" quanto vejo agora.


Um comentário:

Thaís disse...

Marina, querida. Lembro de vc toda tímida e assustada em seu primeiro dia de aula. Hoje, já é descontraída e compartilha conosco episódios da sua vida. Em nove meses, vc evoluiu tanto! E o mérito é todo seu. Pq o professor mostra o caminho, mas o gatilho é sempre de vcs. Continue assim e não pare de sonhar... Porque "se ballet fosse fácil, se chamava futebol". Muito orgulho de vc! Beijocas da sua professora russa. ;-)