quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Entre o estar e o sentir

As vezes o aleatório brinca com a gente.
A intenção era ouvir um  nos fones sobre um Carnaval chuvoso que nem começou quando... uma voz doce e meiga canta sobre tanta gente no mundo, sobre um mar azul iluminado pelo sol, a música se refere a alguém que também se sente tão sozinha quanto eu.

"talvez você só queira se esquecer, na beira do mar enfim
pois é, tanta gente no mundo
tanta gente e a gente aqui, tão só..."


E apesar desse toque da Ana, hoje, felizmente pude perceber o quanto não estou exatamente sozinha, tem um tanto de gente linda me segurando e me protegendo enquanto sinto que estou "caindo desesperadamente em mais um alçapão da vida" como disse há pouco um amigo...
Mas estar e se sentir são coisas tão distintas, não é mesmo?


Um comentário:

Flavio Moreira disse...

Ah, Marina...
Quantos alçapões ainda estão por aí, escondidos sob as folhas mortas das ruas onde perambulamos insones, insanos, insulares? E, no entanto, ainda podemos construir pontes sobre as ruínas dos relacionamentos perdidos, sobre cais abandonados, sobre rios que um dia vibraram pujantes e hoje estão secos; nossas pontes afetivas que nos conectam a outros insulares como nós e que reforçam o alicerce de nossa alma, de nossos sentimentos, que tecem laboriosa e silenciosamente essa rede que nos salvaguarda no salto que damos constantemente nos trapézios das escolhas, nas caminhadas incertas sobre a corda bamba da vida. Os amores passam, seus inerentes desesperos também... ficam memórias, mementos de instantes de euforia e gozo, mas é aqui, nas tramas imaculadas das amizades forjadas a ferro, fogo, alegria e dor, prazer e angústia, que nos confortamos e dormimos enfim o sono dos que amam e são amados com a única condição de sermos nós mesmos.
Que bom te ler, que bom ter mais uma ponte, mais um fio na rede.