segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Alone


"É como brincar de aquarela, olha" disse a pequena garota de olhos claros e brilhantes, desenhando o invisível, brincando de pintar o céu enquanto seu avô sorria apenas por fazê-la sorrir.

Era quase hora de entrar, o pôr do sol já estava no fim e não poderiam vê-lo novamente, pelo menos não por um longo período de 24h até o próximo, afinal nosso planeta não é tão pequeno quanto o do Pequeno Príncipe, onde basta arrastar a cadeira um pouco para trás e já é possível ver o sol se por de novo e de novo, quantas vezes desejar.

Entraram e a avó preparava o delicioso jantar, enquanto esperavam, a pequena e o avô brincavam de inventar histórias, as mais mirabolantes de "absurdas" para qualquer adulto que as ouvisse.

A de hoje era sobre uma garota que, após encontrar o pote de arco íris no fim do ouro, descobriu o quanto ela poderia ser feliz.


"O telefone toca e ela está no meio de um flashback, daqueles onde você se encontra em tudo que já fez e em tudo o que faz. Apesar de tudo que conquistou, não se sentia totalmente feliz com sua vida. As vezes só queria poder sair um pouco e sumir por alguns instantes. Toda vez que tentava, era em vão, algo a trazia de volta. Enquanto caminhava encontrava milhares de coisas que não queria ver, pessoas que não a agradavam, coisas absurdas que a deixavam imensamente incomodada, um caos enorme e permanente, pelo menos até aquele instante.

Uns dias eram piores, outros melhores, quando ela reparava o quanto havia perdido no instante em que ele havia partido, as lágrimas eram inevitáveis. Ela sentia como se somente ele fosse responsável por sua sanidade, e sem isso ela estava enlouquecendo. 

Até que resolveu sumir por alguns dias, viajar com alguns amigos, ficar longe de tudo e de todo aquele mal. Passou dias em um lugar maravilhoso e percebeu o quanto aquilo lhe fazia bem, o distância do caos a fazia pensar melhor. Estava finalmente harmonizada com ela mesma.


Até que bateu saudade e não devia, saudade de tudo aquilo que já fora vivido, saudade das coisas de um dia só, coisas tão superficiais quanto sonhos e pensamentos, até que... quando abriu os olhos havia outro alguém lá, disposto a largar a vida e enfrentar todo e qualquer desafio com ela. Não era exatamente a pessoa que havia sonhado, mas era real. Ele era tão vivo quanto ela, gostava de coisas simples e fazia tudo, absolutamente tudo, no momento que desejava.

Depois dessa viagem, apesar de não ter levado consigo o tal cara que por ela largaria a vida, que a faria ficar totalmente sem fôlego, sabia o quanto essas coisas haviam lhe feito bem, e assim, no fim do ouro todo estava seu arco íris, ela mesma, sem ninguém e apenas sua."

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