segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Ensaio sobre a despedida

Sugestão de trilha sonora: 
https://www.youtube.com/watch?v=mfRYpUi3Oxk
https://www.youtube.com/watch?v=ZxhxVGI16bQ


Uma lágrima de mar, pequenina escorre pelo rosto enquanto escrevo.

É o peso das lembranças, o peso de ter ido embora, é o peso de ter te deixado pra trás. Peso esse que, confesso, nem deveria existir, mas ainda está aqui, tomando conta de tudo que restou desde aquela última noite, onde você me entregou aquele presente de aniversário.

É claro que isso só vem porque estou revivendo os momentos que passamos juntos, escutando nossas músicas e lembrando de como o começo foi bem melhor que o final.

O plano era a gente morar na praia lembra? Morar do lado de minha mãe... poder conversar com ela sempre que me sentisse angustiada assim, ai meu amor, como as coisas mudaram...

Eu lembro até hoje de como éramos quando estudávamos juntos... eu com meu cabelão, a gente ouvindo Panic at the disco, como você era capaz de me entender apenas com um olhar ou uma respiração.

É estranho ainda pensar em como não nos conhecemos mais. Em não ter você aqui pra ligar e dizer "ei, pode me buscar no inglês?" e ver você lá, com seu carro vermelho, seu cigarro e o som alto, eram coisas que eu achava que gostava, porque no fundo, eu nem sabia o quanto você me controlava.

Você corria demais, tinha tanta pressa e até hoje não entendi o porque disso. Hoje já não faz diferença e não quero mais saber.

Esse seu jeito durão e a sua pressa até era legal no começo, eu adorava e agora me lembro de várias vezes em que ficamos conversando no carro, e em como a gente se dava bem, mas não era real, meu bem, nunca foi, hoje nós sabemos que aquela não era eu.
Ficávamos no carro porque você não queria me deixar ir para lugar nenhum, não queria que eu tivesse um lugar no mundo... e como demorei pra perceber isso.

Quando decidimos ficar juntos, depois de um tempo, a gente não se reconhecia mais. E hoje me pergunto se um dia nós realmente nos entendemos ou nos conhecemos bem ou se tudo isso foi mais uma das ilusões que toda essa bagunça me causou.

A gente só se divertia se tinha alguma outra coisa envolvida, não existia diversão a dois, somente eu e você, num abraço eterno, não! Sempre precisava de alguma coisa, fosse um lugar diferente para a gente comer, um filme diferente, ou então a mesma praça, as mesmas pessoas, o mesmo ambiente e sempre as mesmas coisas, como um looping infinito.

Até hoje, apesar de tanto tempo, nunca entendi se você me conhecia bem demais  ou me controlava o suficiente  para que eu sempre sentisse como se nunca te surpreendesse, sentisse sempre pouco pra você, insuficiente. Quando eu passei a perceber isso, automaticamente passamos a brigar incansavelmente.

A gente então não se entendia mais, o beijo não era mais o mesmo, a nossa vida não era mais a mesma... EU NÃO ERA MAIS A MESMA, não foi a gente que perdeu o fio ou erramos a medida, fui eu quem percebi o quanto não queria mais estar onde estava, sendo controlada feito uma marionete, sendo exatamente quem você queria que eu fosse e não mais eu.  O resultado disso foi a distância, o meu afastamento... você me deu medo, repulsa e eu segui outro rumo...

Hoje eu espero que você também tenha seguido outros rumos e tenha realizado seus objetivos. os que eram por você mesmo e não porque "eu queria que fosse de determinada forma".

No fundo eu espero que você esteja bem, e feliz e que um dia possa depositar todo seu amor em alguém que te entenda melhor, e que esse amor não seja doentio... e que esse alguém que não se sinta sufocado ou manipulado por você.



Um comentário:

Emília Cayres disse...

Definitivamente "EU" ....
Viajei para o início de meu primeiro namoro super conturbado, onde eu nem sabia que sofria.
Adorei... :)